Parmênides de Eléia (530 - 460 a.C)
Parmênides é um filósofo que expôs seus pensamentos através da poesia em
estilo homérico, mas nem por isso deixa de usar rigorosos argumentos dedutivos
em suas colocações. Parmênides é o fundador da escola de Eléia e despertou
grande admiração de Platão.
Dos seus poemas restaram-nos 154 versos e eles dividem-se em três
partes. A primeira é uma introdução onde ele coloca como chegou às suas
revelações. O filósofo conta a sua viagem imaginária pela morada da deusa da
justiça que o conduzirá ao coração da verdade. A deusa mostra a Parmênides o
caminho da opinião que conduz à aparência e ao engano e o caminho da verdade
que conduz à sabedoria do ser. Cada um desses caminhos será tratado nas
duas partes seguintes.
Na segunda parte ele argumenta que o que é é diferente do que geralmente
os homens supõem que seja. Nessa parte, intitulada Caminho da Verdade
(alétheia), ele coloca o que a razão nos diz e ele faz isso através da
metafísica dedutiva. Começa por premissas que ele acredita serem verdadeiras e
dedutivamente ele chega a conclusões que também devem ser verdadeiras. Seus
argumentos lógicos reconstruídos podem ser expressos da seguinte forma:
1 - Ou algo existe ou algo não existe.
2 - Se é possível pensar em algo, esse algo pode existir.
3 - Nada não pode existir.
4 - Se podemos pensar em algo esse algo não é nada.
5 - Se podemos pensar em algo esse algo tem quem ser alguma coisa.
6 - Se podemos pensar em algo esse algo tem que existir.
Na sequencia Parmênides expõe que somente nos resta dizer que esse algo
é, pensar ou dizer que esse algo não é é impossível. Esse algo que é tem
portanto obrigatoriamente que ser incriado e imperecível.
Na terceira parte, intitulada Caminho da Opinião (doxa), sobre a qual
não podemos ter nenhuma certeza, ele faz uma descrição de como ele vê o mundo.
Para ele essa sua descrição é falsa e enganosa pois é simplesmente o resultado
de uma ordenação de palavras, mas essa ordenação é a melhor coisa que os homens
podem fazer, sendo portanto a melhor descrição apresentada. Aqui ele expõe as
crenças das pessoas simples. São conjuntos de teorias físicas como o dualismo
entre o limitado e o ilimitado, que ele relaciona com a luz e as trevas,
fazendo da realidade física uma mistura e uma luta entre esses dois elementos.
É através dessa divisão que ele ordena as qualidades. Na comparação entre a luz
e a escuridão, a escuridão é a negação da luz. Diferenciou as qualidades da
natureza em positivas e negativas tomando por base outros opostos como vida e
morte, fogo e terra, masculino e feminino, quente e frio, ativo e passivo, leve
e pesado. Assim para ele nosso mundo se divide em duas esferas, as de qualidade
positiva (luz, vida, fogo, masculino, quente, ativo, leve) e as de qualidade
negativa (escuridão, morte, terra, feminino, frio, passivo, pesado). As
qualidades negativas são uma negação das qualidades positivas e Parmênides
utiliza os termos "não ser" para o negativo e "ser" para o
positivo.
Parmênides via as mudanças físicas que ocorrem no mundo como uma mistura
onde participam o ser e o não ser, resultando num vir a ser. A
mistura é feita pelo desejo e quando o desejo é satisfeito o ser e o não ser
novamente se separam. O filósofo conclui assim que a mudança é uma ilusão.
Somente existem o ser e o não ser, o vir a ser é portanto uma ilusão dos nossos
sentidos.
A filosofia de Parmênides se apresenta como um contraste entre a verdade
e a aparência. A aparência é percebida pelos sentidos que nos mostram o ser e o
não ser e nos levam a diversos erros. Já a verdade somente pode ser buscada
pela razão, que para Parmênides demonstra que não podemos pensar o não ser,
pois não podemos pensar sem que esse pensar seja sobre algo. Pensar sobre nada
é não pensar da mesma forma que dizer nada é não dizer. Somente podemos pensar
e expressar o que pensamos através de um objeto e esse objeto já é algo, já é
um ser. Ele conclui que o ser é e não pode não ser e através dessa ideia ele
expressa sua principal tese filosófica que vai dirigir toda sua investigação
racional. Ele cria assim os principais fundamentos da ontologia que é vista
como metafísica pois o ser não é somente o ser da natureza, mas também o ser do
homem e das suas ações, e mais ainda, é o ser de qualquer coisa que possa ser
pensada.
Sentenças:
- O ser é e não pode não ser.
- O pensamento e o ser são a mesma coisa.
- O ser é imóvel porque se se movesse poderia vir a ser e então seria e
não seria ao mesmo tempo.
Referência:
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=15
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=15