Evanildo Augusto da Silva
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PROBLEMÁTICA DO MAL EM SANTO AGOSTINHO
O
fio condutor de nosso texto é a problemática do mal em Agostinho, e desejamos
entender o essencial de seu pensamento neste particular. Naturalmente na
dimensão própria da monografia, permitimo-nos guiar por autores conhecidos.
Selecionamos
o presente tema, a partir de reflexões nossas, ao longo do curso de filosofia.
Sempre despertava nossa atenção o que os diversos autores iam dizendo sobre o lugar do mal no cosmos:
Em Platão, se o
mundo sensível é réplica do mundo inteligível, por que o mal?
Em Agostinho, se Deus criou todas as coisas boas, por
que o mal?
Em Leibniz, se este é o melhor dos mundos possíveis,
por que o mal?
Estas
dificuldades perduram até os nossos dias. Sendo pois o problema atual, optamos
por dedicar a ele um esforço um pouco mais acurado. E, sendo Agostinho um autor
que se posta no limiar mesmo da Cultura Ocidental e, portanto, chave para sua
compreensão, elegemo-lo como tema, pela sua importância se não única, pelo
menos irrecusável, ao lado de outros como poderiam ser Platão, Kant, etc. Também preocupação ingente de nossos dias é a
questão social, que não é estranha à reflexão de Agostinho, o que reforça nossa
escolha.
Ao
longo da história aparecem quatro tipos de linhas de raciocínio sobre o
problema do mal:
Ø Visão ontológica: mal é
nada - metafisicamente não existe o mal;
Ø Visões “centradas em Deus” - uma admite a existência do mal como
princípio independente; e a outra, considera que Deus não pode agir errado e,
portanto, tudo o que faz é bom. Assim, tudo existe na esfera do bem, de uma
certa forma o mal também é um bem em si mesmo;
Ø Visão “centrada no homem” –
afirma a idéia de que a bondade seria menor valor se fosse parte inalienável da
natureza do homem.
Quanto
à realização do trabalho, preferimos dividi-lo em duas partes: histórica e
sistemática. Na primeira parte, desenvolveremos um capítulo onde faremos
considerações acerca do contexto histórico e um breve percurso de vida e obras
do nosso autor, onde poderemos observar que
sua filosofia surge de sua
realidade existencial. História é o viver no tempo. Assim, a história
influencia sobre diversos aspectos a conduta humana. Na parte sistemática,
desenvolveremos dois capítulos. No primeiro exporemos alguns pressupostos
básicos à compreensão do pensamento de Agostinho, como sua concepção sobre
Deus, homem, alma, liberdade e livre-arbítrio. Estas concepções estabelecem
relações com o tema central do trabalho. No segundo, o problema do mal, no que
se refere a sua origem, causalidade e entendimento, em três níveis: o mal
ontológico-metafísico; o mal moral e o mal físico, procurando não perder de
vista a articulação deste tema com outras bases do pensamento agostiniano.
O
homem é um ser histórico e sócio-cultural, que vive em um espaço e tempo dados. Nosso meio
cultural nos propicia o desenvolvimento e a realização das capacidades. Por
isso, o conhecimento do ambiente (lugar) e do momento histórico (tempo) bem como das condições
sócio-culturais é fator de bastante importância para a compreensão do
pensamento de alguém. Assim sendo, a necessidade de situarmos o autor a quem nos propusemos
dedicar a atenção, leva-nos a correr os olhos sobre a Grécia, Roma e África,
regiões que abrigaram Agostinho do ponto de vista civil e intelectual.
Já
o século III é marcado pela transição da filosofia greco-romana à cristã.
Podemos ver uma forte desarmonia provinda da mescla, no âmbito do Império, das
influências religiosas dos povos conquistados. O Orientalismo, o crescimento
das superstições, a reverência exagerada pelo passado, profunda modificação da
ética pagã mais antiga e o intenso individualismo da vida contemplativa, são
todos fenômenos que têm sua explicação no desenraizamento das nacionalidades e
culturas. Surgem a teosofia e a magia, no campo das superstições, a astrologia
tem a primazia. Os mitos que têm sido o caminho para a “paidéia”, a educação do povo, estão bem desacreditados.
Durante
esse século, no ano de 244, Plotino
chega a Roma. Ele nada pronuncia a respeito do cristianismo. Este silêncio não quer dizer necessariamente
ignôrancia, pois já se destacam a seu tempo, Clemente de Alexandria e Orígenes.
Portanto, o seu silêncio deve ser deliberado. E tanto o neo-platonismo, que
Plotino representa, como o cristianismo vão procurar âncoras mais firmes para o
soerguimento moral dos cidadãos e do Império.
De
fato, a filosofia, ao tentar reaver seu processo de busca de respostas e
explicações para o viver humano readquire um vigor maior, com as elaborações
dos neoplatônicos. Concomitante a este momento de retomada do esforço
filosófico-reflexivo, entra em cena o cristianismo, oferecendo suas respostas
às aspirações fundamentais do ser humano. Ele propõe uma nova escala de
valores, baseando-se na soteriologia e escatologia. Neste diapasão, o que
valoriza o homem não é o mero fato de ser habitante da pólis, mas o fato de viver um modelo de fraternidade, com base na
convicção de estar seguindo a vontade de Deus.
Em
313, com o Edito de Milão, Constantino, decreta liberdade de culto aos
cristãos. Essa atitude é uma estratégia que visa a unidade do Império onde a
Igreja já exerce enorme influência. Em 380, Teodósio decreta o Cristianismo
religião oficial do Estado.
O
Cristianismo se expande pelo Império Romano, atingindo assim a África
proconsular. Aurélio Agostinho nasce sob
estas influências.
Aurélio
Agostinho nasceu a 13 de novembro de 354 em Tagaste,
filho de Patrício e Mônica. Patrício é um “cidadão modesto”.
Faz parte do conselho municipal, é homem ambicioso, mas não possui muita terra.
Mônica é admirável pela nobreza de caráter, pelo esplendor da virtude, senhora
de grande fé. O
casal teve mais dois filhos: um menino, Navígio, e uma menina cujo nome se
ignora.
Patrício
faz de tudo para oferecer ao filho mais velho uma excelente educação. Nesse
intuito, no ano de 367, envia-o a Madaura,
onde conclui o curso de humanidades. Em 369, retorna Agostinho a Tagaste e
aguarda a possibilidade de dar continuidade a seus estudos em Cartago.
Estando em Cartago para estudar retórica que compreendia o estudo das artes
liberais, deveria aprender o grego e
aperfeiçoar o latim. “Gostava muito da língua latina, não da que ensinavam os
primeiros mestres, mas da que lecionavam os gramáticos”.
Apresenta no entanto, aversão à língua grega.
Isto lhe dificultará a leitura dos clássicos gregos no original. Um ano depois
de ter chegado a Cartago une-se a uma concubina com quem tem um filho de nome
Adeodato.
No
decorrer do curso, lê o livro de Cícero, Hortênsio.
Este muda “o alvo de suas afeições”
e desperta-o ao amor à sabedoria, o que em grego é chamado de “ filosofia”.
Identifica a sabedoria com Deus e o sábio com aquele que imita e ama a Deus.
Depois
de ler Hortênsio, passa,
coerentemente, a buscar uma filosofia que lhe atenda os anseios. Sua primeira experiência é com o maniqueísmo,
no qual acredita poder encontrar explicações mais racionais sobre o problema do
mal. Outra opção seriam as escrituras
cristãs, mas aí não encontrava respostas a suas aspirações e além disso, diz
ele mesmo, “a sua simplicidade repugnava
ao meu orgulho e a luz da minha inteligência não lhe penetrava no íntimo”.
Agostinho
permanece no maniqueismo por nove anos. Desejando sanar dúvidas, tem um
encontro com Fausto, um mestre na seita. O encontro provoca-lhe grande
desapontamento, porque percebe-o muito superficial. Decepcionado, decide
abandonar os maniqueus, uma vez que o problema do mal continua ainda sem
solução. Torna-se cético e desliga-se do grupo.
Parte para Roma para lecionar retórica, depois de algum tempo, transfere-se
para Milão. Como era conhecida a retórica do Bispo Ambrósio, foi ouvi-lo com o
intuito de perceber a sua técnica quanto à dicção, à forma e à estrutura.
Percebe que o discurso de Ambrósio é bem mais fundamentado do que o de Fausto.
Lê
“As dez categorias” de Aristóteles e tem contato com algumas obras dos
platônicos. Lê obras de dois acadêmicos
do século III: Plotino e Porfírio. Obras traduzidas nos meados do século IV por
Mário Vitorino.
Converte-se
ao Cristianismo em 386, fazendo-se batizar na Vigília da Páscoa do ano
seguinte. Desejando aprofundar no Cristianismo, a busca da verdade, enquanto
reflexão filosófica (na amizade de Deus), no mesmo ano, parte para Cassicíaco,
acompanhado por um grupo de pessoas que almejam o mesmo ideal. Neste momento, a
partir das reflexões feitas com os amigos, surgem as primeiras obras, como:
Ø Contra Academicos –
onde examina o conceito de sabedoria; expõe a doutrina dos acadêmicos e
oferece uma refutação da mesma.
Ø De Beata Vita – mostra que a verdadeira felicidade não
se encontra senão na verdade divina e na fruição de Deus.
Ø De Ordine - trata do problema do mal e do caráter
universal da providência divina.
Ø Soliloquia – aborda o problema do conhecimento, das
qualidades do sábio e da verdade. É um colóquio com a própria razão.
Posteriormente,
O "Mestre do Ocidente", escreve vasta produção, que se divide em
obras filosóficas, polêmicas, exegéticas, teológicas, autobiográficas, sermões
e epístolas. Os livros dele são todos importantes, mas citaremos apenas seis
que se nos apresentam fundamentais: Confessiones
(texto autobiográfico de capital importância); Retractationes (Preciosa revisão de suas obras); De Doctrina Christiana (Principal
exposição do método exegético seguido por ele); De Trinitate (Importante
Tratado Teológico sobre o mistério da fé Cristã); De Civitate Dei (Elaboração
da teoria das duas cidades e da concepção Cristã da história) e De Líbero Arbitrio (Obra fundamental
para se perceber a problemática da liberdade, livre arbítrio e o mal).
Agostinho
morre, em 430, como bispo de Hipona.
Sua cidade estava cercada por vândalos, um povo germânico, que, junto com
outros ditos “bárbaros” devastavam o Império Romano.
Este
percurso histórico, conquanto sumário, ajuda-nos a situar no tempo e no espaço,
o autor que ora estudamos e espera facilitar a compreensão de alguns temas
agostinianos; principalmente o problema do mal que é o tema de nosso trabalho.
Para melhor apreendermos a reflexão de Agostinho, faremos um breve percurso nos
pressupostos filosóficos que serão expostos a seguir.
O
pensamento agostiniano se constrói a partir das concepções adquiridas
anteriormente, pelas leituras de Platão, de Aristóteles, de alguns
neoplatônicos e, naturalmente e sobretudo pela Tradição cristã – a Sagrada
Escritura. Ao iniciar seu itinerário
filosófico, Agostinho abre uma via própria que é a interioridade – via
introspectiva – no anseio de encontrar a verdade no próprio interior. Como ele
mesmo nos afirma: Noli foras ire, in
teipsum redi, in interiore homine habitat veritas.
A via da interioridade não é desvinculada do pensar. Nem sequer trata-se de
mera análise existencial. É antes uma
via transcendental e metafísica, fundada em um método que, baseados em Mondin,
podemos chamar de “interiorístico-transcendental". Agostinho resume este
método com o brocardo noverim me, noverim
te
que pretende ter o seguinte significado:
o "Eu" é colocado como pressuposto do conhecimento do próprio
Deus, pois o "Eu" existe por alguma forma de participação no ser
divino, que é absoluto. Portanto, conhecendo-se o "Eu", de alguma forma conhece-se a Deus, que é o
autor deste "Eu". Iluminada pela metafísica, esta torna-se uma via de acesso à aspiração maior
do homem, que é o conhecimento do ser.
Agostinho
se declara desejoso de “conhecer a Deus e a alma e nada mais”.
Assim, desenvolverá o seu pensamento tendo como pano de fundo a fé bíblica, mas
numa metodologia legitimamente filosófica, como é reconhecido. Como pensador, faz-se atual por manifestar
preocupações antropológicas e éticas.
Trabalhando
o problema do mal, percebemos ser de capital importância conhecer a sua
concepção de Deus, homem, alma,
liberdade e livre-arbítrio. Estas concepções nos auxiliarão nos futuros
esclarecimentos acerca do problema central de nosso trabalho.
Tarde vos
amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde vos amei! Eis que habitáveis dentro
de mim, e eu lá fora a procurar-vos!
(Conf. X,27)
Na
busca da compreensão de Deus, Agostinho o identifica com a Verdade, quando
afirma que “quem conhece a Verdade, conhece a Luz Imutável, e quem a conhece,
conhece a eternidade”.
Dentre os atributos de Deus, neste momento destacamos dois: Imutabilidade e
Eternidade. “Imutável” porque é a realidade plena e total e “eterno” porque
está isento de relação temporal e nele todo o tempo é presente.
Mas entre todos os nomes que lhe podemos atribuir, um designa de forma mais
sublime. Trata-se do nome Esse (Ser).
Essa designação é a mais perfeita, porque esse termo lembra-nos o Sumo Ser na
sua Imutabilidade, infinitude e incorruptibilidade. Segundo Gilson, Agostinho descreve
atributos de Deus e afirma que Ele é imortal, imutável, Ser Supremo, Sumo Ser
ou essência por excelência, e isto é dizer a mesma coisa.
Os atributos nos mostram a
impossibilidade de estar em Deus a raiz e a origem do mal.
Na
visão agostiniana, o homem ao buscar a filosofia, busca na verdade, a fruição
da felicidade que é dada por Deus. Para Agostinho, a eudaimonia
é a vida feliz, na alegria que provém da Verdade.
Conhecer a Deus é condição essencial para se viver uma vida feliz.
Na concepção de Agostinho Deus não é visto como
um dos princípios, mas como o princípio fundamental transcendente, o único capaz de dar
existência aos seres. Assim, somente Deus é o princípio do ser, a verdade do
saber e a felicidade do viver
que se dá no homem.
Desejando
conhecer Deus, deseja conhecer o princípio fundamental das coisas, pois tudo o
que é, na sua concepção, é criado ex
nihilo por Deus, criador, regedor e administrador do mundo.
Podemos mencionar a diferença entre gerar, fabricar e criar. Criar implica
tirar do nada. Gerar ou fabricar significa dar forma diferente àquilo que já
existe. Somente Deus pode criar. Tudo o que é criado por Ele tem por finalidade
o bem,
pois o ser comunica o que é, Ele é o “Bem Inefável”.
Logo, somente Deus pode comunicar o Bem. Segue-se que toda a criação é um bem
em si mesmo, porque originada daquele que é realidade plena e total – Ego sum qui sum (Ex 3,14). A afirmação
do criar, em detrimento do "gerar” e do "fabricar", revela uma
dependência exclusiva dos seres materiais com relação a Deus, que não dependeu
de uma matéria primordial (como seria no fabricar), mas que, ao mesmo tempo são
radicalmente diferentes dele (o que não seria no "gerar"). Se
dependem de Deus para ser, então são boas as criaturas. Se lhe são diversas,
então, têm espaço para o mal.
O homem foi
criado para atingir, pela excelência do ser, o Ser por excelência. (De Civ. Dei VIII,4)
A
antropologia agostiniana não se centra basicamente na natureza ou na relação
homem-cosmos, como entre os gregos, mas sim nas dimensões da escatologia e
soteriologia , isto é, numa percepção especial
da relação entre Deus e o homem.
O homem é uma criação de Deus, dotado de corpo e alma, razão e inteligência.
Para o
platonismo a relação entre alma e corpo é acidental, não se admitindo a unidade
substancial entre os dois elementos. A antropologia agostiniana nos afirma
que “o corpo
se une à
alma para formar e constituir o
homem total e completo”,
i,é., não poderíamos concebê-lo sem ser nessa unidade.
Considerá-lo na sua totalidade é reconhecê-lo como “corpo e alma, não mais, e
certamente não menos. Não é só corpo nem só alma, mas os dois juntos”.
O
homem atinge o Ser por excelência por um processo de ascensão que parte de suas
próprias dimensões, ou seja, do corpo se alcança a alma; da alma, a força
interior e desta, a potência raciocinante, que se abre à razão e à inteligência. A potência raciocinante é que caracteriza o
homem como um animal racional e mortal que tem a primazia sobre toda a criação,
por ser capaz de buscar o caminho da
perfeição, da sabedoria e “de ser capaz de receber um preceito”.
Ele é visto também como um grande abismo,
justamente por ser aquele que sempre surpreende na sua relação intersubjetiva.
Em
se tratando de intersubjetividade, notemos que o homem é um ser social
que vive, no plano ético-político da cidade terrena, chamado a experienciar o
Bem, e cujo fim último é viver segundo a
virtude. E não apenas conhecer o que é bom, mas amar o
que é bom.
É nessa perspectiva que o homem se faz participante da construção da “cidade
celeste”.
Abordamos
a dimensão do homem social, porque ao
tratar-se do mal, verificaremos que tanto sofre um mal, como faz alguém
sofrer. Logo uma das vertentes de abordagem do problema do mal é a vertente
social.
Faze que me
conheça e que te conheça. (Sol. II,1,1 )
“Desejo
conhecer a Deus e a alma e nada mais”. Com esta assertiva, averiguamos a
importância da alma no pensamento do Doutor de Hipona. No De Quantitate Animae afirma que saberia dar uma definição à alma
sem dificuldade. Diz que a alma é uma
substância dotada de pensamento e capacitada a governar o corpo.
Uma coisa é dizer o que é , outra de onde provém.
A
origem da alma se constitui num problema. Agostinho nega e refuta a
possibilidade da “emanação da substância” de Deus, manifestando-se contra os
gnósticos e maniqueus. Do mesmo modo, nega e refuta o “traducionismo
materialista” de Tertuliano. Opõe-se à “metempsicose”, descarta a preexistência
das almas, doutrina de Platão e Orígenes.
Querer
conhecer a alma é querer compreender o homem. Este tem primazia sobre toda a
criação por ser capaz de buscar a perfeição e a sabedoria. Não seria capaz,
senão houvesse a alma, pois “o que interiormente julga da beleza ou da feiura
da imagem, é, sem dúvida, superior ao objeto julgado. É a inteligência humana,
essência da alma racional, com certeza
incorpórea”.
Querer compreender é o desejo da verdade, este é tema sempre constante em
Agostinho, revestido com a intencionalidade de procurar a verdade do ser,
enquanto alma racional, capaz de entender, guardar conhecimentos e determinar-se na livre opção.
A
essência da alma é ser capaz de Deus para alcançar a percepção da Verdade e
para o amor ao bem.
É o princípio vivificador que individualiza o sujeito.
Portanto, ela tem a supremacia sobre o corpo, pois “uma natureza que dá a vida
ao corpo, vale mais do que a natureza à qual a vida foi dada”.
Aceitando
o princípio bíblico do homem como Imago
Dei,
observamos que isso se faz verdade pelo fato de o homem vir a existir ao
receber uma participação do Ser, pois a criação em certo modo se assemelha
àquele que cria. O privilégio de ser Imago
Dei é exclusivamente da alma .
Deste ponto de vista, a existência da pessoa não está condenada a ser presa à
vida terrena, mas ela se prolonga até a eternidade, porque a alma é imortal.
Esta é uma conclusão de suma importância, pois dá perspectiva escatológica ao
homem. A alma não é coeterna com Deus, como afirmam os platônicos, mas começou
a existir no tempo e não terá fim.
Na
obra Soliloquia é examinada a questão
da imortalidade da alma, partindo-se de um estudo a respeito da medida da verdade. Acompanhemos a reflexão
: Se a alma foi criada para fruir da Verdade, e a Verdade é imperecível, quer
dizer que estando o sujeito na Verdade (que é imperecível), também o sujeito
não poderá deixar de existir. Portanto, o sujeito (alma) tem que ser imortal.
A
alma, afastando-se da Verdade, como bem, e preferindo os bens inferiores,
provoca no homem uma reação externa que o leva a agir mal (desordem). Ela não
foi criada má, mas tem a possibilidade tanto de
tornar-se perfeita quanto desordenada ou má.
Torna-se responsável direta pela ação do homem o que se dá mediante o uso do
livre-arbítrio e da liberdade.
Quanto melhor e mais certa nossa esperança em Deus,
tanto maior deve ser a nossa liberdade.
( De Civ. Dei III,17)
A
criatura racional é destinada à Verdade, ao Bem. Este tender ao Bem é o que se
chama libertas. O ser é livre quando
tem fruição do Absoluto. Sendo dotado de liberdade, o homem deve agir moral e eticamente em busca do Bem.
A
liberdade acontece, quando há uma adequação da vontade humana à Vontade eterna.
Este é o horizonte da plenitude humana. Desse horizonte, passamos ao ambiente
das escolhas particulares, onde a liberdade cede o lugar ao liberum arbitrium. Este é a capacitação
à escolha do agir tanto para o bem quanto para o mal. O afastamento do Bem se dá pela vontade,
pois é próprio dela escolher o que cada um pode optar e abraçar. E “nada, a não
ser a vontade, poderá destronar a alma das alturas de onde domina, e afastá-la
do caminho reto”.
A
volição é dialeticamente relacionada a dois movimentos: o de simples escolha,
que corresponde ao livre-arbítrio e o movimento pelo bem, que corresponde à
liberdade.
O homem ao escolher (arbítrio) o bem, é livre. Escolhendo o que não é o bem,
torna-se escravo. A escolha,
como ato de liberdade, faz do homem
um ser aberto à transcendência
dos valores. Todavia a partir do momento que há desvio de valor, acontece a
“escravização” pela própria escolha. A escolha é desenvolvida pela vontade que
é um bem médio, i,é., está entre o Bem supremo e os bens mutáveis.
Ela é tão presente em nós que, segundo Agostinho, “nada se encontra tão plenamente em nosso
poder do que a própria vontade”.
Analisando
a liberdade, deduzimos que consiste, como conquista de espírito, numa abertura
do modo de ser à submissão da Verdade. Pois é uma propriedade da razão ser
esclarecida pela Verdade. Para isto, precisa contar com o auxílio da “graça”
para que o homem possa lutar contra a má vontade.
Sem o livre-arbítrio,
não haveria problema, sem a graça, o livre-arbítrio não quereria o bem ou, se
quisesse, não poderia consumá-lo. Portanto, a graça não tem por efeito suprimir
a vontade, mas tendo esta se tornado má, fazê-la boa.
Desde
a origem da humanidade, a liberdade é
colocada como um problema. Agostinho deseja alargar os horizontes de
compreensão do problema do mal, que tem no livre-arbítrio a sua possibilitação.
Aversio
a Deo et conversio ad creaturam. ( De
Lib. Arb. II,20,54)
Anteriormente,
vimos alguns pressupostos necessários à compreensão do pensamento agostiniano a
cerca da questão do mal. Estes ajudam a perceber toda a construção do problema,
sobretudo a visão de liberdade e livre-arbítrio. Agora, traçaremos a
investigação filosófica agostiniana, que se dá na concretude do agir cotidiano.
Agostinho
busca respostas ao problema do mal. Chega a fazer-se maniqueísta em busca de
solução ao problema. Pretendia conceber o mal como algo substancial, mas sente
que esta não é uma via que o conduziria à realidade do mal. Assim, desfaz-se da
concepção dual maniqueísta tanto do mal como substância quanto da afirmação de
que o mundo era governado pela força do bem e do mal.
Nega
a substancialidade do mal, porque vê que todas as coisas são boas enquanto
existem, pois têm a sua origem no princípio fundamental que é o Sumo Bem,
criador, regedor e administrador do mundo. Mas, mesmo sendo boas todas as
coisas, estão sujeitas à corrupção por fazer parte da hierarquia criacional,
pois se não estivessem sujeitas à corrupção, seriam imutáveis, perfeitas.
Portanto, a sua identificação com o Sumo Bem seria perfeita, ou até mesmo se
confundiriam com Ele.
O
ser que possui a primazia sobre toda a criação é o homem. Ele por fazer parte
da hierarquia criacional, está também sujeito à corrupção, pode optar pelo que
é menor em grau de perfeição. Percebendo a fragilidade humana, Agostinho se
questiona:
Quem me criou? Não
foi meu Deus, que é bom, e é também a mesma bondade? Donde me veio, então, o
querer eu o mal e não querer o bem? Seria para que houvesse motivo de eu
justamente ser castigado? Quem colocou em mim e quem semeou em mim este viveiro
de amarguras, sendo eu inteira criação do meu Deus tão amoroso? Se foi o
demônio quem me criou, donde é que veio ele? E se, por sua decisão de sua
vontade perversa, se transformou de anjo bom em demônio, qual é a origem
daquela vontade má com que se mudou em diabo, tendo sido criado anjo perfeito
por um Criador tão bom?
Com
reflexões deste tipo, ele dispensa a hipótese de que o mal seja criação de
Deus, passando a explicá-lo a partir do homem. Se Deus criou todas as coisas
boas, como se dá a origem do mal? Uma coisa é necessário afirmar: todas as
coisas são boas por natureza. Pode ocorrer que estejam carentes de algum bem,
porque se fosse de todo bem, deixariam de existir.
Isto pela inclinação à corrupção.
Eis Deus e eis o que
Deus criou! Deus é bom e, por conseguinte, criou boas coisas. E eis como Ele as rodeia e as enche! Onde está,
portanto, o mal? Donde e por onde conseguiu penetrar? Qual é a sua raiz e a sua
semente? Porventura não existe nenhuma? Por que recear muito, então, o que não
existe? E se é em vão que tememos, o próprio medo indubitavelmente é o mal que
nos tortura e inutilmente nos oprime o coração. Esse mal é tanto mais
compreensivo quanto é certo que não existe o que tememos, e nem por isso
deixamos de temer. Por conseqüência, ou existe o mal que tememos ou esse temor
é o mal.
Partindo destes pressupostos, Agostinho conclui que o
mal não é uma substância,
pois se assim fosse seria um bem e não um mal. Portanto, o mal nada mais é do
que privatio boni, “privação cujo
último termo é o nada”.
Não existe no Criador, pois é o Sumo Bem. O mal não foi criado por Ele, pois
todas as coisas criadas por Ele são boas. E depois, Ele não poderia comunicar o
mal ao homem pela criação, pois Ele não possui o mal.
A
intuição do mal como privatio, dá-se
quando Agostinho tem contato com Eneadas
de Plotino que diz que o mal é ausência, falta do bem, mas esta falta e
privação do bem é identificada com a matéria.
Notamos que “Agostinho aceita a primeira parte da teoria de Plotino, mas não a
segunda, ou seja, não identifica o mal com a matéria”.
Se o identificasse com a matéria, diríamos
que existiria por si mesmo, o que é um erro. O bem existe por si mesmo,
só pelo fato de estar no mundo já é um bem, pois todas as coisas, enquanto
existem, são boas.
Unde malum?
Os males são
superados pelos bens, a ponto de os bens poderam existir sem os males, embora
se lhes permita a existência, para ressaltar o bom uso que deles pode fazer a
providentíssima justiça do Criador. (...) Por sua vez, os males não podem
existir sem os bens, porque as naturezas em que subsistem, como naturezas, são
boas. Subtrai-se, pois, o mal, sem subtrair natureza estranha alguma ou parte
dela, senão a que fora viciada e corrompida, sanada e corrigida.
Agostinho
descarta a possibilidade de ser Deus o autor do mal. Assim resta ao
próprio homem ser aquele que origina o mal, afastando-se do
bem imutável e voltando-se ao bem
particular e inferior. Nenhuma realidade é ontologicamente má, mas o mal está
em graduar o menor como se fosse superior.
O homem afunda (...)
à medida que abraça com mais gosto
aquilo a que a sua fraqueza adapta-se com maior facilidade. Começa assim a
menosprezar o Ser Supremo, e a não mais julgar como tal tudo o que enganava a
sua imprevidência, reduz sua indigência ou atormenta a sua escravidão.
A aversio provém do livre-arbítrio, pela nossa
fundamental liberdade – Male facimus ex
libero voluntatis arbitrio.
Parece haver uma contradição: Se a liberdade é um bem por excelência, como pode
ser ela a que propicia a entrada do mal? A liberdade na concepção agostiniana é
uma condição da moralidade, e só é possível dizer se algo é bom ou mal na
perspectiva da liberdade, porque se uma ação não for realizada na liberdade,
esta não deve ser aprovada nem desaprovada. Pois todo ato necessário é
dispensado de juízo, o que não ocorre com os atos voluntários, pois podem ser
evitados.
O
homem, pelo livre-arbítrio da vontade, é responsável não só pelas ações que
faz, mas também pelas coisas que permite que aconteçam. Isto se dá quando há aversio a Deo et conversio ad creaturam,
abandonando-se às paixões, e “nada pode sujeitar o espirito à paixão, a não ser
a própria vontade”.
Quanto
à causalidade do mal, averiguamos que é uma defecção do bem. A causa eficiente
do mal é o afastamento do bem, i.é.,
melhor dizer que não há causa eficiente, mas sim deficiente.
A
raiz do mal não está na natureza, mas na vontade desregrada.
Ao referir-se à má vontade, lembremos
que a vontade em si mesma é um bem. O mal é uma coisa, a má vontade é outra, ou
seja, a vontade é causa e o mal, conseqüência.
O que causa a aversio et conversio
não é a natureza, mas a vontade.
Vimos que todo ato necessário é isento de juízo, assim, temos que ter o cuidado
de não criarmos uma pseudo legitimação, como que se da vontade nascesse o
desejo, deste, o hábito que facilmente se transformaria numa necessidade,
isentando-se do juízo.
O
mal não pode ser pensado como vindo de Deus, pois contradiz a bondade perfeita
dele. Analisaremos o problema sobre três níveis: Ontológico-metafísico ; moral e fisico.
Estes níveis não se contrapõe, ao contrário, interdependem-se numa
circularidade causal.
A
possibilidade de conceber o mal a partir de Deus é descartada. Resta a Agostinho
percebê-lo como imperfeição da criatura. Se a perfeição é um bem, logo a
imperfeição é uma privatio boni,
i.é., negação da existência, pois o bem consiste em ser, portanto, enquanto
ser, o mal não existe. Só poderia ser se fosse capaz de ser sem ser no bem, ou
seja, ter existência por si mesmo.
Todo
ser criado é um bem em si, mesmo
inclinado à corrupção. Mas, à medida que se deixa corromper, vai perdendo não
só a sua bondade, mas também a sua realidade. Ora, se considerássemos que as
coisas perdendo a sua bondade e ainda continuassem com o seu ser preservado
(intacto), num certo momento, tendo perdido a bondade na sua totalidade, ainda
continuariam com uma realidade incorruptível. Como sabemos, isto é impossível,
pois somente Deus é incorruptível.
Os
cultores da lógica estabeleceram uma norma, que afirma que dois atributos
contrários não podem ser predicados ao mesmo tempo da mesma coisa.
Portanto, em se tratando do bem e do mal não se aplica.
Nenhum corpo pode ser
ao mesmo tempo preto e branco, mas alguma coisa pode ser ao mesmo tempo boa e
má; com efeito, uma vez que o mal não pode existir a não ser por empréstimo da
existência do bem em que inere, não pode haver nenhum mal a não ser que haja ao
mesmo tempo bem e mal. Se não existe nenhum bem para o mal diminuir, ele não
existe absolutamente.
Em
suma, o mal não existe no cosmos enquanto afirmação de ser. Existe como privatio boni, e essa privação não será
absoluta, senão se tornaria em nada. “O mal não tem natureza alguma; a perda do
ser é que tomou o nome de mal”.
O nível ontológico-metafísico do mal trata de um sentimento de vazio
existencial no homem, i,é., um rompimento com a harmonia do seu ser no ato
voluntário ao mal.
O
mal moral é identificado com o pecado, transgressão do preceito, resultado da
“perversão da vontade desviada da substância suprema”.
Este desvio se dá pela vontade desregrada, causando assim, todos os males.
Se essa vontade
estivesse em harmonia com a natureza, certamente esta a salvaguardaria e não
lhe seria nociva. Por conseguinte, não seria desregrada. De modo se segue que a
raiz de todos os males não está na natureza.
O
mal moral, pela vontade, faz emergir a absolutização do que é relativo e
relativiza o absoluto. Isto se dá em escolher o inferior e dar-lhe um valor
superior, isto é o que Agostinho chamou de aversio
a Deo et conversio ad creaturam. A má vontade é causa da transgressão do
preceito. A vontade em si mesma é um bem, o que a torna má é o modo com o qual
toma resoluções contra a natureza.
Efetivamente,
averiguamos o mal moral nos atos voluntários individualistas e egocêntricos
bastante presente na cultura hodierna, onde há buscas de bens mutáveis e de
bem-estar individual. O homem, voltado às coisas terrenas, torna-se um ser
vicioso dominado pela cobiça e pela soberba, não percebendo que os “bens
mundanos não podem trazer a satisfação plena”.
Por outro lado, se o homem tem ciência do bem, mas não o faz , então é um
desertor do bem, preferindo agir em inadequação moral e ética, com respeito à
construção de um espaço de verdadeira liberdade.
O
mal físico é conseqüência do mal moral, daqui a afirmação anterior de
interdependência. A conseqüência se dá pelo fato que se alguém pratica um mal
(ação), faz mal a alguém ou a si mesmo. Averiguamos que o mal por ser negação
do bem, não tem substância (matéria). Assim, nulla substantia malum est,
pois o mal está no agir ou no padecer que não são substâncias.
O estilete metálico
que possui um lado para escrever e outro para apagar é muito bem feito. A seu
modo é belo e adaptado a nosso uso. Se alguém quiser escrever pelo lado que
apaga, e apagar pelo lado que escreve, de maneira alguma faria o instrumento
tornar-se mal. É a ação feita o mal. E se essa ação for corrigida, onde estará
o mal?
O
nível físico do mal é observado também quando um corpo sente dores, por
exemplo, quando um escravo era açoitado, ele sofria um mal físico como
conseqüência do mal moral do seu senhor. Agostinho diz que a “causa primeira da
servidão, é, pois o pecado, que submete um homem a outro pelo vínculo da
posição social”.
O
homem prudente (virtuoso) busca aniquilar o mal orientando a outros homens pela
elaboração de leis convocando-os ao bem. Vale dizer que “não é mal precisamente
por ser proibido por lei, mas é proibido por lei por ser mal”.
Assim procura-se assegurar a tranqüilidade social buscando a concórdia entre os
homens. Sumariamente, há distinção entre o mal físico e o mal moral. O primeiro
está no plano físico corporal e diz respeito ao sofrimento; o segundo,
caracteriza-se pela transgressão voluntária e livre daquilo que é almejado pela
ordem natural.
Na
filosofia medieval, o pensamento de Agostinho se destaca pela preocupação com a
coerência, isto é, a confluência entre o viver e o filosofar.
Assim, para compreender a sua filosofia, buscamos uma compreensão da própria
figura de Agostinho, uma vez que há integração da vida e do pensamento.
Analisamos
alguns pressupostos que nos auxiliaram o desenvolvimento do tema central.
Verificamos que Agostinho percorre a via da interioridade para, partindo da
alma, chegar ao conhecimento de Deus, como diz Mondin, ele usa o método
interiorístico-transcendental.
Na
análise agostiniana, Deus é o criador ex nihilo e princípio fundamental que
transcende todo e qualquer ser. O homem, possuidor da primazia sobre toda a
criação, é unidade substancial aberto à transcendência na imanência. A alma é
uma substância dotada de pensamento e capaz de governar o corpo. A liberdade e
o livre-arbítrio são bens em si mesmos, a liberdade assegura a tendência ao bem
supremo e o livre-arbítrio assegura a capacidade de escolha.
As
concepções acima amparam sua linha de raciocínio na abordagem da problemática central sobre o mal. Agostinho
tem como pano de fundo o príncipio bíblico e parte de um postulado comum ao
pensamento grego, segundo o qual, tudo o que existe é positivo, ou seja, toda
substância é boa. Logo, o mal não sendo bom, não é substância. A partir disto
aceita em parte a doutrina da privatio
boni de Plotino, e passa a refletir
o problema numa visão centrada no homem. Nesta visão, a vontade desregrada
assume a causa do mal, perpetuando nos níveis do mal ontológico-metafísico,
moral e físico.
Alguns
pensadores discordam da negação da substancialidade do mal e da definição da privatio boni. Entre eles, Paul
Ricouer e Jung. O primeiro disse que
Agostinho nega a substancialidade do mal, confessa que a sua visão é
exclusivamente moral. E a questão Unde
malum? perde todo o seu sentido ontológico. A questão que a substitui Unde malum faciamus? lança todo o
problema do mal na esfera do ato, da vontade e do livre-arbítrio.
Para Jung, o mal é extraordinariamente real. Ele considera que a doutrina da privatio boni tende a diminuir a
realidade do mal, afirma que o conhecimento se dá pela percepção dos opostos,
por isso a considera como ilógica e
irracional. Mencionando P. Ricouer e Jung, quisemos
lembrar a atualidade do problema. Estes dois falam por si de atualidade.
Refletimos o problema do mal porque acreditamos que sua presença não é definitiva, mas acreditamos na compreensão
e na superação. E isto é um bem.
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